terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Temporada de caça 3



Depois dos cervos, os gansos foram a bola da vez em Pittsburgh. Numa caça com hora marcada - foram seis horas monitoradas por policiais - 20 atiradores partiram com tudo para cima de 80 gansos num parque do condado de Beaver, aqui perto.

Estava lendo, em matéria do Pittsburgh Post-Gazette (http://post-gazette.com/pg/08358/936989-57.stm), que as autoridades classificaram a caça como ética pois os atiradores deveriam esperar que os gansos deixasse o lago e voassem para só então atirar. Ok.

A temporada de caça aos gansos foi motivada pelas fezes dos animais, encontradas em playgrounds, áreas de pesca e abrigos, o que pode ter contribuído um surto de E. Coli. A bactéria está por trás de doenças como infecção alimentar ou urinária, apendicite e meningite.

Muita gente na região tem reclamado da caça aos gansos como solução para o problema. Entre as alternativas sugeridas estão destruir os ovos dos animais ou deixar a grama crescer em volta dos lagos (onde eles ficam a maior parte do tempo), tornando o ambiente menos propício à proliferação dos gansos.

A caça voltará a acontecer amanhã, dia 31 e nos dias 2 e 3 de janeiro.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

É grave a crise: apertem os cintos, o auxílio-desemprego sumiu!


Quando a gente pensa que a crise econômica já levou sociedades e mercados ao fundo do poço, lá vem a danada mostrar a que veio. E provar que não está de brincadeira.

As demissões em massa estão levando o Fundo de Compensação por Desemprego (UC Fund) - que dá ajuda financeira a quem foi demitido, garantindo, assim, o pagamento de hipotecas, do aluguel e mesmo do carrinho de supermercado nosso de cada dia - a direcionar recursos num ritmo mais rápido do que o esperado em boa parte do país.

Apenas aqui na Pennsylvania foram gastos quase $ 3 bilhões este ano. Com isso, o orçamento para o ano que vem ficou limitado a $ 1 bilhão. Segundo o Departamento de Trabalho e Indústria da região, a quantia é suficiente para bancar os benefícios por um período que vai de quatro a, no máximo, seis meses. Quer dizer, pode ser que, já em abril, a torneira tenha secado, deixando a população a ver navios.

Resumo da ópera: com as demissões em alta, o fundo, criado em 1935 com o objetivo de ajudar a estabilizar a economia em períodos de recessão, corre o risco de quebrar não apenas aqui, mas em outros 29 estados americanos que estão em situação semelhante - entre eles, nosso vizinho, Ohio. Hoje, 4.4 milhões recebem esse tipo de auxílio-desemprego.

Os recursos do fundo vêm do pagamento de taxas e impostos por empregados e empregadores. A questão agora é: será que, numa economia já combalida, será que o aperto de cinto do UC Fund pode resultar num aumento de impostos?

Vale lembrar que o número de trabalhadores pedindo auxílio-desemprego atingiu, na semana passada, o maior nível em 26 anos: avançou 58 mil, para 573 mil.

Ah, antes que me esqueça: a foto acima é de uma fila de desempregados, como você deve ter adivinhado. O papel rosa que eles empunham é uma alusão ao pink slip, o aviso de demissão cor-de-rosa que o trabahador recebe junto com seu contra-cheque quando ele perde o emprego aqui nos EUA.

Em terra de árabe, quem dá sapatada é rei


Enquanto isso, em Bagdá, milhares de pessoas foram às ruas pedir a libertação do repórter que tentou dar duas sapatadas no Bush. Ele está sendo tratado como herói nacional. Tem gente aqui dizendo que até demorou para alguém brincar de tiro ao alvo com o Bush...

Papai Noel gostosão


Coisas estranhas acontecem aqui nos Estados Unidos no Natal. Acabei de ver na TV que um shopping em Los Angeles - onde mais? - resolveu inovar e repaginou o bom e velho Papai Noel. No lugar do bom velhinho, os clientes encontram o Hunky Santa (algo como Papai Noel Gostosão).

Todas as sextas, sábados e domingos, o Papai Noel Gostosão e as Candy Cane Girls (candy canes são aqueles doces em forma de bengalinhas brancas e vermelhas que são super tradicionais nessa época do ano) se apresentam, cantando e dançando pelo shopping de Beverly Hills, para alegria das mamães siliconadas e botocadas. Vi na TV que tem fila para mãe sentar no colo do Papai Noel Gostosão, pode?!

Durante a semana, no entanto, o bom e roliço velhinho bate ponto, para não decepcionar os bons meninos e meninas.

Dei uma fuçada no You Tube e acabei achando esse vídeo do Hunky Santa em ação:
http://www.youtube.com/watch?v=oBQnR3vUPi0

domingo, 14 de dezembro de 2008

Gatos 2

Nora já tem até sequência no You Tube.
Estou apaixonada.



Diz a dona que ela não ensinou a gata a tocar, que ela é quem sempre gostou de brincar no piano. Será?

Como todo gênio, é incompreendida. Vi na TV - pois é, Nora agora aparece em rede nacional - que a dona dela tem outros tantos gatos em casa, mas eles não se dão com a Nora e ainda a hostilizam, coitada.

Gatos

Quem tem gatos sabe como é fácil a gente se apaixonar pelos bichanos e também como a inteligência e os truques deles sempre nos surpreendem. Mas essa eu nunca tinha visto: gato tocando piano. Com vocês, Nora.

Espaguete!

Como carioca que sou, pode parecer esquisito, mas adoro o inverno, o friozinho e a neve nessa época do ano. É uma mudança bem-vinda após o festival de cores do outono e deixa a gente com uma expectativa deliciosa em relação à primavera e às milhares de tulipas que vão pipocar pelos jardins da cidade daqui a quatro meses.

Mas, também adoro essa época porque é quando a gente começa a achar uma maravilha chamada Spaguetti Squash no supermercado. O squash é um parente da abóbora que você encontra por aqui no outono e no inverno. Mas, o Spaguetti Squash é um tipo interessante porque, ao contrário do squash tradicional, depois de assado (é possível cozinhar também no microondas, numa vasilha com água) desfia em tirinhas bem finas, lembrando um espaguete, daí o nome.

É sensacional, a textura é fantástica (tem um certo crunch, crunch, como dizem), o gosto é maravilhoso - caindo para o adocicado, então a gente tem que corrigir um pouco com sal e pimenta - e, o melhor: quase não é calórico (80 calorias por squash, mais ou menos) e é facílimo de fazer. A Anna sempre foi fã de squash tradicional e agora somos todos viciados em Spaguetti Squash, que não falta nunca na nossa geladeira.

Ah, já ia esquecendo: além de bom e bonito, o squash é barato - coisa de $ 3. Ou seja, prato perfeito para tempos de crise como o atual.

Aqui em casa a gente trata o Spaguetti Squash como espaguete mesmo e, em geral, o servimos com carne moída, um squash à bolonhesa - reinventando à perfeição (mas com muito menos calorias) o prato preferido da infância.

Se você quiser arriscar, funciona assim:

1. Parta o squash ao meio com uma faca de churrasco. A casca é bastante dura e pode ser que você tenha que tentar duas ou três vezes antes de conseguir cortá-lo


2. Tire todas as sementes e também a parte mais escura do interior do squash - me disseram que se não retirarmos, fica azedo. Preferi não arriscar. Coloque então o squash numa travessa e leve ao forno por mais ou menos 45 minutos, a uma temperatura de 350 graus



3. Retire o squash do forno e, usando um garfo, comece a retirar o miolo. A quantidade deve ser suficiente para encher a travessa. Tempere com sal e pimenta.



4. Se desejar, refogue o squash com cebola e alho. Uma alternativa é usar um bom molho de tomate, desses que já vêm com cebola e ervas. Eu, normalmente, tempero apenas com sal e pimenta, já que a carne moída já é bem temperada.

5. Acrescente carne moída e voilá! Aí está seu Spaguetti Squash.

Temporada de caça 2

No jornal da semana passada veio o seguinte encarte, de uma loja ce artigos esportivos.



Me chamou a atenção a parte de baixo do anúncio. Dê só uma olhada na sugestão de um clássico presente de Natal:



Em tempos de crise financeira, sei não... Presente de grego esse...

Temporada de caça

Tenho que admitir: ainda me choca o fato de as pessoas poderem comprar e ter armas de fogo em casa aqui nos EUA. Esse é um direito de todo cidadão americano, garantido pela segunda emenda à constituição do país, de 1791.

Na Pennsylvania, nem é preciso ter uma autorização do estado para comprar armas de cano curto ou longo. Também não é necessário fazer registro delas. Para mim, parece Terra de Marlboro, como a gente diz no Brasil. Mas, é coisa bem normal por aqui.


Para quem, como eu, já viu um cervo morto no porta-malas de um carro durante um engarrafamento, é difícil encarar tudo isso com naturalidade. Mais que tudo, me choca ainda o fato de termos uma temporada de caça aqui na Pennsylvania. Neste domingo, por exemplo, terminou o período de caça aos cervos, que durou duas semanas. Estima-se que 900 mil pessoas - entre elas, crianças a partir de 12 anos (como a menininha da foto abaixo) - tenham participado da chamada Buck Season. A Pennsylvania é a região que mais atrai caçadores de cervos no país. No ano passado, eles mataram 323.070 animais e, no ano anterior, 361.560. Tudo dentro da lei.

É preciso fazer um curso de dez horas sobre segurança no uso de armas para poder caçar. E também é necessário ser caçador registrado para participar da Buck Season. Muitos doam a carne dos animais para os Food Banks, que atendem à população pobre e outros pagam cerca de $ 70 para terem os cervos transformados em linguiças, filés, etc.

A caça é a resposta para o crescimento acelerado da população de cervos da região. Para alguns, eles são considerados inimigos número um da Pennsylvania. Não é raro nessa época a gente ver no noticiário local acidentes em que cervos fora de controle invadem as estradas, causando acidentes fatais.

Ok, eu entendo tudo isso. Mas há alternativas. Alguns estados, por exemplo, usam há mais de duas décadas um contraceptivo chamado PZP (Porcine Zona Pellucida) para controlar o número de cervos. Ja começaram a falar do assunto timidamente por aqui. Os cervos são identificados e recebem a vacina, que é eficaz por dois anos. Depois desse período, recebem uma nova dose, desta vez aplicada por uma daquelas armas que atiram dardos, o que pode ser feito a uma distância de quase 30 metros. É assim que fazem na África do Sul, com animais como elefantes, por exemplo.

Chinelo voador ou a sapatada no Bush

Quando eu era pequena, era uma peste. Não ficava quieta num canto, subia em cima dos móveis, aprontava mil e uma. Em resumo, era um capeta. Reza a lenda - e há dezenas de testemunhas para comprovar - que num desses dias em que eu estava pulando de móvel em móvel na casa de uns amigos da minha mãe, ela, mortificada e já sem saber o que fazer, me avisou:

"Se você não ficar quieta, o chinelo vai voar"

E eu, terrível, não ia engolir essa em seco:

"Mas chinelo não voa", argumentei.

Ato contínuo, o tal do chinelo veio num rasante em minha direção. Pegou de raspão na perna, mas foi o suficiente para me manter quieta o resto da noite. Eu sei, eu sei, psicologia infantil zero, né? Mas na década de 80, não sei se tinha muito disso. Hoje, aqui nos EUA, era capaz de dar cadeia: child abuse. A favor da minha mãe, tenho que dizer eu não me aguentaria como filha. Eu era impossível.

Você deve estar se perguntando a essa altura: mas qual é a da história do chinelo voador? Bem, não pude deixar de lembrar dela ao ler que um jornalista arremessou um par de sapatos na direção do presidente Bush durante uma coletiva em Bagdá.

Veja o vídeo aqui:



Antes de atirar o primeiro pé de sapato, o repórter gritou: "Esse é um beijo de adeus, cachorro". Segundo a Bloomberg, na cultura árabe, a sola do sapato é um tipo de insulto.

Bush conseguiu desviar dos dois sapatos e depois ainda tentou tranquilizar os outros repórteres:

"Eu estou bem. Isso não me importa. (...) Era um sapato tamanho 42"

Hein? Qual é a do sapato 42?
Impressionante como o tempo passa, o tempo voa e o Bush continua não fazendo o menor sentido.

O que me lembra, claro, do quadro Grandes Momentos nos Discurssos Presidenciais do programa do David Letterman. Aqui uma palhinha:



Alguns momentos imperdíveis, no entanto, escaparam. Achei boa parte aqui:

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Don Juan literário

Só dá ele. Nas últimas duas semanas, ficou difícil trocar de canal ou mesmo acessar a internet ouvir falar do livro How to talk to girls, do expert Alec Greven. Mas, qual é a graça em mais um manual de auto-ajuda? Bem, este foi escrito por um moleque de 8 anos! Isso mesmo, 8 anos. Um ano mais velho, o petiz de Colorado conta agora que o livro era parte de um projeto escolar e que o texto foi escrito com base na sua experiência observando as coleguinhas e sua interação com outros meninos no pátio do colégio. "Sou novo demais para meninas", ele tem dito.



O livro de 48 páginas, publicado pela HarperCollins em capa dura, já está à venda na Amazon.com por $ 9.99: http://www.amazon.com/How-Talk-Girls-Alec-Greven/dp/0061709999/ref=pd_bbs_sr_1?ie=UTF8&s=books&qid=1228851699&sr=8-1
Para Alec, o céu parece ser o limite. O livro está prestes a ganhar uma edição australiana em fevereiro e teve os direitos de adaptação comprados pela Fox Filmes. Ah, e ele já prepara mais três livros: Como falar com mães, Como falar com pais e Como falar com o Papai Noel. Fofo, né não?
Ah, sabe o adiantamento que ele recebeu da editora pela publicação? Ele doou parte do dinheiro para uma organização que levanta fundos para pesquisas sobre câncer. Bacana.

Quer saber os conselhos do guru-mirim?
"Às vezes, você consegue que uma menina goste de você, mas aí ela te dá um pé. Bem, a vida é mesmo dura então, toque a vida"
"Não ache que garotas são nojentas. São só meninas, o que pode haver de errado com elas?"
E ele tem até pesquisas validando seu trabalho: "Cerca de 73% (vem cá, o que são cerca de 73%? 72,5%? 70%?) das meninas comuns dão um pé nos meninos; 98% das meninas bonitas dão um pé nos meninos"
"O que quer que aconteça, não pareça desesperado. Garotas não gostam de garotos desesperados"

Veja aqui a última entrevista do petiz na Ellen DeGeneres(onde ele já é habituée), no início do mês:



Foi depois de aparecer num programa da Ellen que ele conseguiu uma editora para publicar seu livro. A entrevista original está aqui



E se você acha que a história dele estar em toda parte, em milhões de canais, é exagero, olhe só por onde ele tem andado nos últimos meses:
CBS - http://www.youtube.com/watch?v=M3uGvXpjwk4
MSNBC - http://www.youtube.com/watch?v=-JI-LBkGBaI
CNN - http://www.youtube.com/watch?v=jRInsGsxdzY
NewYorkPost.com - http://www.youtube.com/watch?v=BsBzMj9WI9s
Borders.com (essa é hilária; ele dá os conselhos todo sério) - http://www.youtube.com/watch?v=yzouzhXSRzY