sexta-feira, 20 de março de 2009

Obama no show de Jay Leno

O presidente Barack Obama esteve ontem no programa The Tonight Show with Jay Leno, da NBC. Durante a entrevista, ele fez piada sobre a vida em Washington e o famoso primeiro-cão, explicou a gênese da crise pela milionésima vez e ainda defendeu - quem diria! - o secretário do Tesouro, Timothy Geithner.

Obama parecia bem à vontade durante a entrevista. Perguntado sobre o dia-a-dia em D.C., ele mostrou bom humor: disse que Washington é "como American Idol, mas todo mundo é Simon Cowell". Sobre o tão falado cachorro prometido às filhas, brincou dizendo que era "promessa de campanha".

O que surpreendeu foi a defesa do presidente a Geithner, cuja cabeça está sendo pedida por Deus e o mundo por conta do rolo com os bônus da AIG. Obama disse que o secretário é inteligente, está fazendo um trabalho fantástico que não é apreciado e que as pessoas não entendem os problemas que ele herdou da administração anterior. Por essa, acho que ninguém esperava.

Obama voltou a questionar os bônus milionários pagos aos executivos da AIG. "Quem, em sã consciência, quando uma companhia está decretando falência, decide pagar uma monte de bonificações?", questionou. Mas, quando Leno perguntou se os executivos não deveriam ir para a cadeia pelos erros cometidos, o presidente mostrou sua frustração dizendo que o pior de tudo era que a maior parte do que ocorreu - e levou a uma crise financeira sem precedentes - está dentro da lei.

Gafe e preconceito

Estava demorando, mas seguindo a tradição de seu antecessor, George W. Bush, Obama meteu os pés pelas mãos ao comentar sobre a pista de boliche da Casa Branca. Leno perguntou se a pista tinha sido queimada e fechada - Obama se mostrou um péssimo jogador de boliche durante a campanha, para quem não lembra.

O presidente disse que estava praticando boliche, mas que era como se estivesse nas Paraolimpíadas! A platéia riu, claro.

Mas foi feio, muito feio.

Com certeza foi também um prato cheio para os republicanos e não vai faltar gente caindo na pele de Obama por isso. A gafe, claro, já parou no YouTube:

quarta-feira, 18 de março de 2009

Harakiri na AIG

O povo está furioso e essa história da AIG ainda vai render muito. Esta semana, o senador Charles Grassley, do estado de Iowa, sugeriu que os executivos da AIG se mirem na tradição japonesa no que diz respeito à novela dos bônus. Segundo ele, além de assumirem responsabilidade pelo colapso da seguradora, eles deveriam pedir desculpas ao povo americano e então, cometer harakiri!

Enquanto isso, na AIG...

Ah, já ia esquecendo. O presidente da AIG, Edward Liddy, disse hoje que está pedindo encarecidamente que os funcionários - que já estão até recebendo ameaças de morte por telefone - façam a coisa certa e devolvam à empresa parte do bônus que receberam. Tipo assim, metade do valor.

Sério? Essa eu quero ver.

Detalhe: 11 executivos que embolsaram mais de $ 1 milhão em bônus já deixaram a empresa e foram curtir a vida.

Washington Post: Fed sabia, mas não avisou a Obama sobre bônus da AIG

Como diria o Chacrinha, quem não se comunica, se trumbica. A edição desta quinta-feira do Washington Post traz na página A01 matéria que mostra que, embora soubesse há meses sobre os gordos bônus a serem pagos aos executivos da seguradora AIG, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nada disse à equipe do presidente Barack Obama.

Há menos de uma semana, a AIG distribuiu $ 165 milhões em bônus a seus executivos - os mesmos que levaram a empresa à enrascada atual e que obrigou o governo a liberar três polpudos pacotes de ajuda financeira de mais de $ 170 bilhões para evitar que a seguradora decretasse falência.

De acordo com matéria do Post, não apenas o Fed, mas também o Departamento do Tesouro sabia dos pagamentos. Segundo executivos da AIG ouvidos pelo jornal, o Fed teria sido avisado há três meses de que a companhia desembolsaria os $ 165 milhões no dia 15 de março, para pagar bônus de executivos de seu departamento financeiro.

Funcionários da AIG contam ao jornal que os bônus poderiam ter sido pagos na terça-feira passada, mas a empresa estava esperando o ok do governo - leia-se Fed, que estava revisando todos os contratos - para seguir em frente, o que só aconteceu no fim da semana. Com o ok do Fed e do Departamento do Tesouro, a empresa autorizou os pagamentos na sexta-feira, dia 13. Ou seja, tudo feito nos conformes, com o aval do governo americano.

O secretário do Tesouro, Timothy Geithner (foto acima), que costurou o pacote de ajuda financeira à AIG, deu uma de joão-sem-braço ontem e disse que não tinha idéia do valor dos bônus e nem de quando seriam pagos. Tá.

Segundo ele, o Fed não foi informado dos bônus até o dia 10 de março. E, quando souberam do tamanho do rolo, acharam melhor não tocar no vespeiro: o governo não poderia mexer em contratos (os bônus eram definidos em contrato) por serviços já prestados. O presidente Obama, ao que parece, só teria ficado sabendo da dinheirama no dia 12, ou seja, na véspera do pagamento. Agora todo mundo no governo chia e se diz ultrajado com a montanha de dinheiro paga aos executivos da AIG...

Mui amigos do presidente Obama esse Fed e esse Departamento do Tesouro, hein?

segunda-feira, 16 de março de 2009

Obama vai ao talk show de Jay Leno na quinta-feira

Essa é novidade. O apresentador Jay Leno, da NBC, conseguiu garfar uma entrevista exclusiva com o presidente Barack Obama. O bate-papo vai ao ar na quinta-feira, no The Tonight Show with Jay Leno. É a primeira vez que um presidente americano em exercício dá o ar da graça em um talk show. Obama vai aproveitar o espaço para falar sobre, claro, o plano de estímulo da economia americana.

Essa administração está trilhando um caminho nada tradicional no que diz respeito a exposição na mídia. No domingo, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deu entrevista ao programa 60 Minutes, da CBS. Ao que se tem notícia, foi a primeira vez em que um presidente da instituição aceitou dar entrevista. Já a primeira dama acaba de aparecer na capa da O Magazine, da apresentadora Oprah Winfrey.

No ano passado, o presidente George W. Bush até tinha feito uma aparição relâmpago (gravada na Casa Branca mesmo) no programa Deal or No Deal, da NBC, uma febre por aqui. Foi coisa rápida, de segundos mesmo, para desejar boa sorte para um militar que havia sido enviado para o Iraque várias vezes e tinha recebido as medalhas Purple Heart e Bronze Star.

Obama deu alguns passos à frente em relação ao presidente Gerald Ford que, na década de 70, disse a célebre frase "Live from New York, it's Saturday Night!", do programa Saturday Night Live apresentado por seu secretário de Imprensa, Ron Nessen. Obama está, definitivamente, no caminho certo para se tornar o mais pop dos presidentes americanos.

Em entrevista rara, presidente do BC dos EUA diz que recessão pode terminar em 2009

Para o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano, que regula e fiscaliza a maior economia do mundo), Ben Bernanke, a recessão pode terminar ainda este ano. Já a crise econômica começará a ficar para trás no início do ano que vem. Ontem à noite, em rara entrevista (ao programa 60 Minutes, da CBS) - presidentes do BC americano não costumam dar entrevista devido ao efeito que têm sobre os mercados -, mostrou os bastidores do Fed, visitou sua cidade natal, admitiu erros, se disse indignado com a situação da seguradora AIG e descartou a hipótese de que os EUA estejam próximos de uma nova Grande Depressão.

Bernanke disse que não ter salvo o banco de investimento Lehman Brothers - que quebrou no dia seguinte à venda da Merrill Lynch (orquestrada pelo Fed, que já tinha ajudado as gigantes do mercado de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac, que passaram a ser controladas pelo governo) - só não foi um erro porque o Fed não tinha alternativas nem mecanismos necessários para evitar a falência. Mas, admitiu: "Lehman provou que não se pode deixar uma gigante financeira de atuação global quebrar no meio de uma crise financeira".

No dia seguinte à quebra do Lehman Brothers, o Fed emprestou $ 85 bilhões à seguradora AIG, que já recebeu um total de $ 160 bilhões do governo, em quatro diferentes pacotes de ajuda financeira. Apesar do rolo financeiro, a AIG distribuiu $ 165 milhões em bônus a seus executivos.

Bernanke disse que, de tudo que aconteceu nos últimos 18 meses, a intervenção na AIG é o que o deixa mais irritado, pois a companhia fez uma série de apostas equivocadas mas, ao mesmo tempo, deixá-la quebrar seria permitir a quebra de todo o sistema financeiro.

"Isso me deixa possesso. Bati o telefone várias vezes quando o assunto era a AIG. Eu entendo porque os americanos estão irritados (com a ajuda do governo)", afirmou.

A entrevista já está no YouTube. Aqui você vê a primeira parte:


Bernanke, que chefiou o Departamento de Economia de Princeton - onde se especializou na Grande Depressão - disse que os EUA chegaram perto de repetir a grande crise de 29, mas conseguiram conter o incêndio por pouco. Ele diz que graves equívocos na política monetária de então ajudaram a tornar a recessão de 29 numa crise de proporção global.

Segundo Bernanke, o Fed cometeu dois grandes erros à época. O primeiro foi permitir que a queda abrupta na oferta de moeda, o que levou a uma queda nos preços e à deflação. O segundo, disse ele, foi deixar que os bancos quebrassem - um erro que o Fed quer evitar a todo custo, especialmente no que diz respeitos aos maiores bancos do país.

"(À época) não foi feito nenhum esforço real para prevenir a quebra de milhares de bancos, o que teve efeitos perversos sobre o crédito e sobre a habilidade da economia voltar aos eixos", explicou Bernanke. "Hoje evitamos esse risco (de uma nova Grande Depressão). Acredito que passamos dessa fase e agora o problema é colocar a coisa toda (a economia) para funcionar da maneira correta de novo", acrescentou.

Segunda parte da entrevista:


Segundo o presidente do Fed, todos os grandes bancos regulados hoje pela instituição estão solventes. Ele disse ainda que não deixará que eles quebrem, como no passado.

Para Bernanke, um dos primeiros sinais de recuperação da economia poderá ser visto quando um dos grandes bancos conseguir levantar dinheiro no mercado - seja com aporte de capital ou com aquisição do negócio por outra instituição.

"Agora, quem tem dinheiro para investir está de fora dizendo: 'Não sabemos o quanto estes bancos valem. Não temos certeza de que eles estão estáveis'. E, por isso, eles não investem dinheiro nos bancos", explicou Bernanke.

Ao fim da entrevista, o presidente do Fed disse ter certeza de que a economia irá se recuperar de maneira sólida e sustentada.

"Tenho confiança de que, à medida em que passamos pela crise, a economia voltará a crescer e continuará a ser a mais poderosa e dinâmica do mundo", afirmou.

Abaixo, a terceira e última parte da entrevista:

terça-feira, 10 de março de 2009

New Yorker com Michelle Obama na capa

A nova edição de estilo da incensada revista New Yorker chega às bancas essa semana com a onipresente Michelle Obama na capa. Na ilustração, ela aparece na passarela como uma modelo, usando três roupas diferentes.

A revista traz um artigo com o título de Baring arms (algo como desnudando os braços) sobre a moda sem mangas da primeira dama. A capa é bem mais glamourosa e elogiosa do que a última passagem de Michelle Obama pela capa da New Yorker.

Em meados do ano passado a mesma revista publicou uma capa polêmica com o casal então candidato à presidência dos EUA. Nela, um muçulmano Obama de turbante divide a cena com sua esposa, que ostenta um gigante penteado afro na cabeça e uma metralhadora nas costas. O pano de fundo é o Salão Oval da Casa Branca.

À época, a revista explicou que a imagem, intitulada Política do Medo, era para satirizar o uso da desinformação e do medo na disputa presidencial para derrubar a campanha de Barack Obama. Muita gente criticou a revista por reforçar esses esteriótipos ao publicar a capa polêmica dos Obama.

Polêmica a parte, parece que o fascínio com o Michelle Obama está muito longe de acabar. Apenas nas últimas semanas, Obama apreceu na capa de revistas como Vogue, People e O, da apresentadora Oprah Winfrey (foi a primeira vez que Winfrey, que normalmente aparece sozinha nas edições, dividiu a capa com alguém).

E a octomom ainda dá o que falar

Essa história da mãe dos óctuplos ainda está rendendo pano para manga. Como sempre, todo dia tem novidade. Parece que Nadya Suleman estaria tentando vender um vídeo do parto por $ 1 milhão. Também, com 14 bocas para alimentar, qualquer troco é bem-vindo.

O apresentador Jimmy Kimmel, rápido no gatilho, não perdeu a chance de fazer piada e mostrou o "vídeo" do parto no seu último programa da semana passada. Ele está a cara de Suleman! Essa é para descontrair.



Abaixo, um dos primeiros vídeos de Kimmel como Suleman. Impressionante a semelhança.

Da série notícias bizarras 2: cheiro de ovo podre tem efeito de Viagra em homens

Essa deu no tablóide Sun, da Inglaterra (ok, admito, a terra da rainha Elizabeth II muitas vezes consegue bater as notícias bizarras que encontro por aqui). Aparentemente, o cheiro de ovos podres é capaz de produzir ereções. Um estudo publicado pela National Academy of Sciences (parece que a coisa é séria) mostra que o gás que evapora quando os ovos apodrecem é exatamente o mesmo que é liberado pelo órgão masculino quando os homens se preparam para transar. Com o gás, os músculos da região relaxam, aumentando o fluxo sanguíneo e garantindo assim uma boa ereção. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade de Nápoles, na Itália.

Como parece que o Viagra tradicional (sim, as indefectíveis pílulas azuis) não funciona com um terço dos homens, os ovos podres poderiam ser uma boa - se bem que indigesta - solução. Seria então Vieggra!

Como bem diria Shakespeare, "há algo de podre no Reino da Dinamarca". Ou melhor dizendo, na Itália.

Da série notícias bizarras que só acontecem aqui

Essa deu na semana passada na rede CBS. Uma mulher foi presa e acusada de mau uso do número de emergência 911 (normalmente para acidentes e casos graves, a exemplo do 190 brasileiro). Latreasa Goodman, a figura da foto ao lado, ligou para 911 não uma, mas três vezes, para denunciar a falta de Chicken McNuggets numa lanchonete McDonalds em Fort Pierce, Flórida. Indignada, ela reclamava que queriam lhe dar um McDouble no lugar dos calóricos pedacinhos de frango frito.

"É uma emergência. Se eu soubesse que eles não tinham McNuggets, eu não teria dado o dinheiro. Agora ela (a atendente do McDonald's) quer me dar um McDouble (cheeseburger duplo de carne vermelha), mas eu não quero, é uma emergência", disse Goodman na ligação.

Aqui, você pode ver a matéria que foi ao ar na CBS.

Fala sério. Em meio à maior crise desde a Grande Depressão, isso ainda é notícia?

terça-feira, 3 de março de 2009

Crise para quem, cara pálida? Em plena crise, Target vai abrir 27 lojas apenas no domingo

Enquanto uns demitem em massa, outros contratam. Acabei de ler no Financial Times que a Target (a Lojas Americanas do lado de cá) vai abir 27 novas lojas no domingo. Isso mesmo: 27 novas lojas num só dia. Serão criados mais de três mil postos de trabalho. Os novos pontos de venda ficam em 15 estados diferentes e têm um total de três milhões de metros quadrados.

Com isso, a Target, que amargou um Natal de corredores mais vazios, passa a ter 1.699 lojas em todo o país. Parece que a crise, pelo menos para a rede varejista, está ficando para trás.

U2 vira nome de rua em NYC

Há mais de 20 anos, o U2 lançou a música Where the streets have no name (onde as ruas não têm nome). Agora, eles emprestam nome a uma quadra da Rua 53, no centro de Manhattan, a U2 Way. A homenagem, feita pelo prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, é temporária e foi feita para comemorar uma semana de apresentações no Late Show with David Letterman, que começou ontem e vai até sexta-feira. É na quadra que agora dá nome à U2 Way que o programa de Letterman é gravado.

"Nós estamos em algum lugar ao sul da Duke Ellington Way e ao norte da Joey Ramone Place. E nós somos a banda de onde as ruas não têm nome", disse o vocalista Bono.

Verdade. Em NYC, pouquíssimas ruas têm nome: a maioria ostenta apenas números. Uma correção: na verdade, Bono se referia a Duke Ellington Boulevard, não Duke Ellington Way, em Morningside Heights. Joey Ramone Place fica no East Village.

O baterista Larry Mullen, gaiato como sempre, mandou essa: "Eu esperava algo como Larry Mullen Circle, mas aceito U2 Way".

A banda - minha favorita entre as que ainda vivem - acaba de lançar um novo CD, No line on the Horizon.

Abaixo, o vídeo da primeira apresentação da banda no David Letterman, cantando Breathe.