
Bernanke disse que não ter salvo o banco de investimento Lehman Brothers - que quebrou no dia seguinte à venda da Merrill Lynch (orquestrada pelo Fed, que já tinha ajudado as gigantes do mercado de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac, que passaram a ser controladas pelo governo) - só não foi um erro porque o Fed não tinha alternativas nem mecanismos necessários para evitar a falência. Mas, admitiu: "Lehman provou que não se pode deixar uma gigante financeira de atuação global quebrar no meio de uma crise financeira".
No dia seguinte à quebra do Lehman Brothers, o Fed emprestou $ 85 bilhões à seguradora AIG, que já recebeu um total de $ 160 bilhões do governo, em quatro diferentes pacotes de ajuda financeira. Apesar do rolo financeiro, a AIG distribuiu $ 165 milhões em bônus a seus executivos.
Bernanke disse que, de tudo que aconteceu nos últimos 18 meses, a intervenção na AIG é o que o deixa mais irritado, pois a companhia fez uma série de apostas equivocadas mas, ao mesmo tempo, deixá-la quebrar seria permitir a quebra de todo o sistema financeiro.
"Isso me deixa possesso. Bati o telefone várias vezes quando o assunto era a AIG. Eu entendo porque os americanos estão irritados (com a ajuda do governo)", afirmou.
A entrevista já está no YouTube. Aqui você vê a primeira parte:
Bernanke, que chefiou o Departamento de Economia de Princeton - onde se especializou na Grande Depressão - disse que os EUA chegaram perto de repetir a grande crise de 29, mas conseguiram conter o incêndio por pouco. Ele diz que graves equívocos na política monetária de então ajudaram a tornar a recessão de 29 numa crise de proporção global.
Segundo Bernanke, o Fed cometeu dois grandes erros à época. O primeiro foi permitir que a queda abrupta na oferta de moeda, o que levou a uma queda nos preços e à deflação. O segundo, disse ele, foi deixar que os bancos quebrassem - um erro que o Fed quer evitar a todo custo, especialmente no que diz respeitos aos maiores bancos do país.
"(À época) não foi feito nenhum esforço real para prevenir a quebra de milhares de bancos, o que teve efeitos perversos sobre o crédito e sobre a habilidade da economia voltar aos eixos", explicou Bernanke. "Hoje evitamos esse risco (de uma nova Grande Depressão). Acredito que passamos dessa fase e agora o problema é colocar a coisa toda (a economia) para funcionar da maneira correta de novo", acrescentou.
Segunda parte da entrevista:
Segundo o presidente do Fed, todos os grandes bancos regulados hoje pela instituição estão solventes. Ele disse ainda que não deixará que eles quebrem, como no passado.
Para Bernanke, um dos primeiros sinais de recuperação da economia poderá ser visto quando um dos grandes bancos conseguir levantar dinheiro no mercado - seja com aporte de capital ou com aquisição do negócio por outra instituição.
"Agora, quem tem dinheiro para investir está de fora dizendo: 'Não sabemos o quanto estes bancos valem. Não temos certeza de que eles estão estáveis'. E, por isso, eles não investem dinheiro nos bancos", explicou Bernanke.
Ao fim da entrevista, o presidente do Fed disse ter certeza de que a economia irá se recuperar de maneira sólida e sustentada.
"Tenho confiança de que, à medida em que passamos pela crise, a economia voltará a crescer e continuará a ser a mais poderosa e dinâmica do mundo", afirmou.
Abaixo, a terceira e última parte da entrevista:
Nenhum comentário:
Postar um comentário