domingo, 22 de junho de 2008

Verão em Londres

Para quem nasceu e foi criado no Rio, verão é sinônimo de sol, praia e cerveja. Para esta carioca bem mais ou menos, apenas sol já está bom. Pena que o astro rei ainda é coisa rara aqui por essas bandas. Desde que chegamos a Londres, há mais ou menos um mês, posso contar nos dedos os dias de sol. E não é só maneira de falar. Antes fosse.

Hoje, no entanto, foi um dia que fez juz ao verão carioca: sol a pino, gente com pouca roupa (europeu adora uma desculpa para botar as pernas brancas e tudo mais que as acompanha de fora) pipocando sobre a areia - ops, digo, gramado... E, como não poderia deixar de ser, a versão londrina do bom e velho farofeiro brasileiro.

O que tinha de gente nos parques com toalhinha estendida ao vento e comes e bebes ao ar livre não era de brincadeira. Tudo na maior classe, claro. E, como sol é artigo de luxo em Londres, o que mais se via era gente na rua, apinhando os parques da rainha. Tinha até um maluco que topou posar, todo orgulhoso, com a sua melancia, veja só:

Pena que alegria de pobre dura pouco. Nos poucos dias de sol que vimos por aqui, uma chuvinha chata também bateu ponto. O que me enlouquece aqui em Londres é a falta de previsibilidade do tempo. A gente vê o povo carregando guarda-chuva de um lado para o outro e só depois de passar um tempo aqui entende o motivo: esse tempo maluco.

Como um amigo brasileiro que mora por aqui bem definiu, você tem as quatro estações do tempo num mesmo dia, em questão de horas. Não sei se eu ia gostar de viver num lugar assim. De doida, aqui em casa, basta eu.

Mas, enquanto estamos por aqui, o negócio é aproveitar. Mesmo debaixo de chuva. Meu programa preferido, claro (e não apenas, mas especialmente nos dias cinzentos), não poderia deixar de ser ir aos museus. E a cidade é um parque de diversões para quem, como eu, é rata de museu. O melhor de tudo: de graça. São raros os que cobram entrada. Isso faz a viagem bem mais interessante. A gente dá uma escapada de meia hora aqui, outra de duas horas ali e, quand vê, já percorreu todo o acervo. Assim, sem pressa, aproveitando com tudo que tem direito.

E estamos muito bem localizados. Morando em South Kensington - um bairro muito posh, como diz o povo aqui - temos grandes três museus vizinhos de casa. O Victoria & Albert (http://www.vam.ac.uk/), o Museu de História Natural (http://www.nhm.ac.uk/) e o Museu de Ciência (http://www.sciencemuseum.org.uk/). Um fica quase de frente para o outro.

Não pude deixar de sorrir quando vi o enorme fóssil de dinossauro que saúda quem entra o Museu de História Natural. É uma réplica de um dos fósseis do Carnegie Museum of Natural History (http://www.carnegiemnh.org/). Embora o museu londrino seja muito incensado, quem é fã de dinos, como eu, vai à loucura no museu de Pittsburgh, que tem uma das maiores coleções de fósseis de dinossauros do mundo. O de lá deixa o daqui no chinelo. Vale conferir.

Nas minhas andanças por Londres, elegi o British Museum (http://www.britishmuseum.org/) e a National Gallery (http://www.nga.gov/) como meus favoritos. Valem mil visitas, todas feita com calma, apreciando cada detalhe das coleções. E, como chove para diabo nesse verão para gringo ver, o que mais tenho feito é bater ponto nos museus da cidade. Minha sede de cultura agradece.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

The Sun

Só para entender melhor: o tabloide The Sun é apenas o maior jornal de língua inglesa em circulação no mundo, com mais de três milhões de cópias diárias. E boa parte dos leitores pertence às classes A, B e C. A pérola do jornal é a página 3, que tem sempre meninas novas - na faixa dos 18 a 20 anos - posando com os seios de fora. Bizarro.

Celebridades e a realeza britânica são alvos certos do jornal. Foi o Sun que estampou a foto do príncipe Harry usando uma suástica no braço e, recentemente, publicou fotos nada atrativas (http://www.thesun.co.uk/sol/homepage/news/royals/article1102132.ece) da princesa Beatrice, filha do príncipe Andrew e quinta na linha de sucessão.

Também é do Sun a manchete "Da juventude nazista a Papa Ratzi", sobre a escolha do alemão Joseph Ratzinger como novo papa, um claro jogo de palavras com a palavra nazi (nazista).

Tabloides: mania nacional

A gente sempre ouve falar dos tabloides (leia-se, jornais sensacionalistas) que habitam a terra da rainha Elizabeth II, mas é preciso ver para crer. Eles são de fato uma mania, um vício popular. Na vinda para Londres, no quentão (como minha mãe chama, carinhosamente, a classe econômica), não pude deixar de olhar com certa inveja a vida boa na classe executiva. Pior é que, já tendo viajado de primeira e de executiva - ah, tempos bons aqueles, em que não levava a vida como mulher de estudante! - sabia exatamente o que eu estava perdendo... Mas, isso não vem ao caso agora. A questão é que, enquanto eu cobiçava um assento mais digno e espaçoso, não pude deixar de notar duas figuras muito requintadas, "gente bacana" (tradução: montada na grana), como diria meu amigo Vicente. Nas mãos dessa galera grã-fina, veja só, lá estava um belo exemplar do mais perfeito tabloide blitânico, com suas manchetes sensacionalistas. Na capa tinha uma atriz flagrada nua e um escândalo estapafúrdio qualquer sobre uma celebridade. Aterrisando em solo londrino, vi que esse tal de tabloide é mesmo uma praga. Todo mundo lê, sem medo de ser feliz. Basta dar uma volta por bairros mais chiques, como South Kensington ou Chelsea para ver a nata londrina folheando o The Sun, Daily Mirror ou Daily Star. E no Brasil ainda tem gente que tem vergonha de ler Caras!

Próxima parada: Londres

Esse blog, infelizmente, foi sem nunca ter sido...

A intenção era fazer um relato das aventuras "pittsburguesas", mas por motivo de força maior (digo, menor - leia-se, um bebê em casa), as atualizações ficaram bem a desejar. Mas, para compensar, antes da volta ao Brugo de Pitt, fizemos uma parada estratégica em Londres, só para dar uma arejada e tentar injetar nova vida a este blog. Se der tudo certo (e a dona miudinha assim permitir), desta vez vai!