sábado, 25 de abril de 2009

Palavras que matam: meninos de 11 anos cometem suicídio após serem chamados de gay

Duas mortes, dois adolescentes, um mesmo motivo. Na última semana, dois casos ganharam destaque na mídia americana. O de Jaheem Herrera, morador da Georgia, e o de Carl Joseph Walker-Hoover, de Massachusetts - ambos de 11 anos. Os dois cometeram suicídio após sofrerem bullying na escola, pois os colegas achavam que os meninos eram gays.

Não consigo pensar agora numa palavra em português que consiga resumir o que é bullying, que vai desde agressão física (como bater e chutar), até verbal (como xingar, discriminar e difamar), passando por psicológica (como intimidar, perseguir e ameaçar), sexual (como assediar e abusar) e material (como roubar e furtar). Infelizmente, esse é um fenômeno em alta em todo mundo.

O caso dos dois meninos choca muito por serem ambos ainda tão novos, mas são, certamente, a ponta do iceberg. Há uma semana, Jaheem Herrera, de Stone Mountain, no estado da Georgia, se enforcou com um cinto, em seu quarto, após sofrer extensa perseguição de seus colegas na Dunaire Elementary School, que o chamavam de gay e dedo-duro. Foi sua irmã, um ano mais nova, que descobriu o corpo. Embora tivesse contado sobre o bullying aos professores, a tortura continuou até o dia de sua morte.

No início de abril, o corpo de Carl Joseph Walker-Hoover (foto ao lado), de Springfield, Massachusetts, foi encontrado por sua mãe, após ele se enforcar com uma extensão de tomada. Ele havia sofrido meses de perseguição na Leadership Charter School, por alunos que acreditavam que Carl fosse gay. A mãe do menino foi esta semana ao programa de Ellen DeGeneres contar sobre a tragédia.

No aniversário de Carl, dia 17 de abril, os EUA celebraram o Dia Nacional do Silêncio, em que milhares de pessoas fazem votos de silêncio em memória dos estudantes vítimas de bullying na escola.

É triste ver como ignorância e preconceito, somados à insegurança da adolescência, podem ceifar vidas de jovens como Carl e Jaheem, que encontram na escola, no lugar de educação e amizades, tortura em uma verdadeira zona de combate.

Impressionante como, hoje, insultos e perseguição com base em raça sejam prontamente punidos nos EUA - o que levaria, certamente, à expulsão dos bullies - mas ainda exista tanto a se avançar no que diz respeito a perseguição por orientação sexual. Talvez isso ocorra porque estas podem ser baseadas na percepção dos outros. Não sei...

É preciso, urgentemente, reformular as políticas anti-bullying das escolas e criar leis severas que coibam esse tipo de prática. Hoje, 39 estados americanos - entre eles, o da Pennsylvania - já têm alguma forma de diretriz ou política contra perseguição verbal, mental e física, mas o caminho a seguir é longo, especialmente porque os jovens estão declarando suas preferências sexuais cada vez mais cedo.

Além disso, perseguir esses jovens por suas orientações sexuais significa passar a mensagem de que ser gay é errado e condenável, o que pode ter - como tem tido - efeito devastador sobre milhares de adolescentes que, todo ano, se matam ou são mortos em função disso.

Tem um site bem bacana aqui nos EUA, chamado Stop bullying now (Pare com o bullying agora), com informações e legislação sobre o assunto.

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