domingo, 1 de fevereiro de 2009

It's the Super Bowl, baby!



Este vai ser meu primeiro Super Bowl. Ano passado, com bebê recém-nascido em casa, futebol era a última das coisas na minha cabeça. Este ano está sendo interessante acompanhar o maior evento futebolístico do lado de cá do oceano, especialmente com o time local, os Steelers, na grande final.

A cidade está apostando alto que os meninos do time preto e dourado vão levar o título para casa pela sexta vez, feito inédito na história do Super Bowl. Quem sou eu para discordar, né?

Uma rápida ida ao supermercado deu a medida da paixão dessa cidade pelos Steelers. Na Costco (versão local da venda por atacado do bom e velho Makro, no Rio), os funcionários estavam, sem exceção, com a camisa do time. Todos ansiosos pela hora do jogo.

Enquanto estava lá, consegui fazer a foto abaixo. Diz ali: "70% do planeta são cobertos por água. Os outros 30% são cobertos por Troy Polamalu". Polamalu é o jogador gente boa dos Steelers que faz sucesso por aqui, junto com Ben Roethlisberger.



A foto estava grudada num dos carrinhos de provas da Costco (no sábado e no domingo eles fazem prova dos produtos à venda na loja). Nos outros, Terrible Towels estavam afixadas, bem como fotos dos jogadores.

Da Costco fomos ao Giant Eagle comprar o que faltava. Lá, quase todos os caixas usavam as características blusas dos Steelers, em preto e amarelo.



Nos corredores, vários estandes com produtos dos Steelers à venda. Desde a mais prosaica Terrible Towel, passando por camisas e casacos. Tudo enfeitado por balões nas cores do time.



Na Dicks, que fica no mesmo shopping a céu aberto, o aviso na entrada: "Você está na terra dos Steelers. Acredite no Super Bowl XLIII agora".

Por toda a loja, o aviso mais que confiante: "Imediatamente após a vitória dos Steelers, nossas portas reabrirão. Venha garantir seus produtos do Super Bowl logo após o jogo".



Neste clima, estamos indo para a casa de uns amigos para assistir ao jogo.

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Entendo pouco das regras do futebol americano, mas vou dizer: que jogo espetacular! Foi emocionante! Fiquei com o coração na boca nos momentos finais. É bacana assistir ao Super Bowl numa cidade como Pittsburgh, que respira futebol e que ama seu time. Segundo amigos americanos, a relação de Pittsburgh com os Steelers encontra eco em poucos lugares dos Estados Unidos, o que torna o Super Bowl (que é o evento de futebol americano mais esperado do ano) ainda mais especial.

Aqui, mesmo os jogos fora da temporada são levados a sério. E, segundo quem está na terra do Tio Sam há mais tempo, esse foi um dos jogos mais emocionantes dos últimos anos - na verdade, mais pelos momentos finais (o último quarter), onde se concentrou boa parte da ação.

No futebol americano, o jogo tem quatro tempos de 15 minutos. Aí a gente pensa: rápido, né? A questão é que o relógio pára o tempo todo, então o que seria uma partida de uma hora se alonga por horas e horas. Para se ter uma idéia, o jogo de hoje começou por volta das 18h30m e só terminou depois das 22h. Foi uma tortura. Especialmente porque a partida foi decidida nos 30 segundos finais, quando os Steelers voltaram a dominar a bola.



Os Steelers estavam com larga vantagem boa parte do jogo. Rápidos no ataque, eles começaram bem a partida. Parecia que o título estava no papo. Os Cardinals, que participavam, pela primeira vez, de um Super Bowl, não marcaram ponto no primeiro tempo (first quarter). Ao fim do segundo, o ponteiro marcava 17 a 7 a favor dos Steelers, graças a uma jogada épica de James Harrison (line back). Ele percorreu 100 jardas (91,4 metros) do campo de futebol, a maior distância na história do Super Bowl, para então marcar um touchdown - que é entrar com a bola na área ao fundo do campo do adversário (a chamada endzone).

Aqui, uma cena da jogada:



Terceiro tempo: 20 a 7. Todo mundo estava relaxado. Quem entendia mais de futebol dizia que o jogo estava bem mais ou menos. Parecia que a vitória dos Steelers era garantida. No último tempo, no entanto, os Cardinals viraram a mesa. De repente, o jogo estava 23 a 20. Para os Cardinals. Difícil acreditar. Faltavam pouco mais de dois minutos para a partida terminar. Nessa hora, ninguém conseguia mais ficar sentado. Era olho na tela e pés de um lado para o outro da sala, agitados de tensão.

Não entendi muita coisa nos próximos minutos. Juro que tentei processar todas aquelas informações, mas com olho no relógio que piscava na tela, estav difícil manter a concentração. Parecia inevitável: os Steelers iam perder para os Cardinals. Então, faltando 49 segundos para o fim do jogo, o quarterback Ben Roethlisberger deu início ao passe que seria decisivo para a vitória dos Steelers.

A função dos quarterbacks, que lideram a ofensiva dos times, é dar início às jogadas e fazer os passes para os chamados outros jogadores (não me peguntem o nome desses jogadores. Como eu disse, meu conhecimento de futebol americano é limitado). E foi isso que aconteceu. Roethlisberger fez um passe para o receiver Santonio Holmes, que capturou a bola no ar e mergulhou no chão, para fora da marcação, mantendo apenas os pés dentro do campo e marcando um touchdown, que vale seis pontos (e que dá direito a um ponto extra em alguns casos). Impressionante - especialmente visto em câmera lenta.



Na hora, ninguém sabia se a jogada tinha valido ou não. Se a jogada valesse, o título estava no papo. Quando deram o replay, o estádio foi abaixo. A imagem mostrava claramente: os pés de Holmes nunca deixaram o campo. Touchdown. E os Steelers entravam para a história como o único time a vencer seis Super Bowls, levando para casa mais um troféu Vince Lombardi. Fim de jogo. Steelers 27 a 23.

Aqui, a jogada sensacional:



O jogo marcou história não só para os Stellers, mas também para seu treinador, Mike Tomlin. Aos 36 anos ele se tornou o treinador mais jovem a vencer um Super Bowl. Holmes foi eleito o jogador mais valioso (MVP, na sigla em inglês), mas talvez quem mais tenha se beneficiado nisso tudo tenha sido Roethlisberger.

O Super Bowl XLIII marcou a redenção de Big Ben, quarterback que sempre foi uma das estrelas mais brilhantes do time. No Super Bowl de 2006, seu desempenho aquém do esperado fez com que muitos dissessem que os Steelers levaram o título para casa apesar dele. Sua tática, seu talento e seu poder de decisão ficaram apagados e ele foi achincalhado por meio mundo. Com razão, dizem. Hoje, aposto, ninguém lembra mais de 2006. Pelo menos não por aqui, em Pittsburgh. Big Ben voltou a ser Mr. Big.



Aqui, os melhores momentos do jogo:



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Uma nota final.

Chegando em casa, liguei a TV e descobri que, após a vitória excepcional dos Steelers, um outro assunto parecia dominar o noticiário do dia. Em Tucson, Arizona, logo após os Cardinals marcarem um touchdown, os consumidores da Comcast - a maior companhia de TV a cabo dessas bandas - viram as imagens do Super Bowl serem interrompidas por um filme pornô. Isso mesmo. Por 30 segundos, as famílias americanas (e nada mais familiar do que sentar para ver junto o Super Bowl) assistiram a cenas do canal pornô Clube Jenna. Nelas, uma mulher abria a calça de um homem e depois os dois partiam para a ação. Parece que só que estava vendo as imagens convencionais - não em alta definição - foi afetado. Teve gente que, no início, achou que era mais um dos comerciais do Super Bowl e acabou vendo bem mais do que gostaria. As cenas, devidamente editadas, já que este é um blog de família (tá pensando o que?), estão abaixo:

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