segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Octomom

Além da febre Barack Obama, não se fala de outra coisa por aqui nas últimas semanas. A bola da vez se chama Nadya Suleman e seus óctuplos, primeiro caso nos Estados Unidos de um parto de oito bebês em que todos sobrevivem. As crianças nasceram no dia 26 de janeiro, na Califórnia, via fertilização in vitro. Ela já está sendo chamada por aqui de Octomom e hoje falou pela primeira vez, em entrevista à reporter Ann Curry, da NBC. Desde quinta-feira a rede vinha publicando pequenos trechos da conversa ao longo da programação.

A mídia americana está enlouquecida com a história de Suleman. No início, pelo fato de os oito bebês terem sobrevivido ao parto - em 1998, no Texas, a nigeriana naturalizada americana Nkem Chukwu deu à luz oito bebês, mas um acabou não resistindo - e depois, pela controvérsia envolvendo a gestação.

Suleman está desempregada há anos, já tem seis outros filhos (também gerados via fertilização in vitro e com menos de sete anos), não tem fonte de renda alguma, se nega a receber ajuda financeira alguma de programas assistenciais do governo, é mãe solteira e seu médico, aparentemente, implantou, a cada gestação, mais embriões do que o eticamente recomendado - de dois a três. Agora, ela está sendo condenada por Deus e o mundo e já até recebeu ameaças de morte.

O caso ganhou um espaço absurdo nos jornais, revistas e TV. Não lembro de ter ficado mais de duas horas sem ouvir falar de Suleman. Tem de tudo: celebridades a chamando de irresponsável, fotos da gestação, médicos condenando as fertilizações, cirurgiões plásticos dizendo que ela fez implante nos lábios e quer ficar igual á Angelina Jolie (de fato, há uma certa semelhança), entrevistas com pessoas na rua perguntando como ela pagou pelos tratamentos estéticos e para engravidar, etc.

Suleman até contratou uma assessora de imprensa, para lidar com tanto assédio. Com tanta polêmica, nenhuma empresa se animou a fazer doações à família até agora, como costuma ser o caso em partos de múltiplos.

Na entrevista que deu à Ann Curry, Suleman não parece muito equilibrada, é verdade. Parece, sim, fixada na idéia de ter filhos a qualquer custo. Segundo ela, para curar a solidão que sentiu quando criança por ser filha única.

"Tudo que eu queria eram filhos. Eu queria ser mãe", disse ela, que tentou engravidar durante sete anos, antes de recorrer à fertilização in vitro.

Embora não tenha emprego - na verdade, tem uma dívida de U$ 50 mil - e já tenha outros seis filhos que tem dificuldades para manter, ela negou ter agido de forma irresponsável ao tentar engravidar de novo.

Ela contou que queria mais um bebê e pediu ao médico para implantar os seis últimos embriões que tinha disponíveis - todos do mesmo doador, como seus outros filhos - mesmo sabendo dos riscos de uma possível gestação múltipla. Dos seis embriões, dois resultaram em gêmeos.

"Eram meus filhos (os embriões), aquilo (implantar os últimos seis) era o que estava disponível e eu os usei. Foi uma aposta".

Suleman disse que está sendo condenada porque escolheu uma vida pouco convencional - ser mãe solteira de uma grande família - e negou ainda ter feito plástica para ficar parecida com Angelina Jolie.

Com a entrevista de hoje Suleman colocou mais lenha na fogueira e o circo que se montou à sua volta deve ganhar proporções ainda mais grandiosas nos próximos dias.

Aqui, um pedaço da entrevista que apareceu no programa Today, da NBC:

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